Postado em 2013-10-23 17:37:39
Os desafios de lidar com estudantes acima da média
Oficina ministrada no III Semeia chamou a atenção para o ensino de crianças superdotadas e a necessidade de que os professores as identifiquem e as atendam de modo especial ministraram oficina sobre altas habilidades no III Semeia, em Tubarão
Tubarão (SC)
A superdotação é um assunto cercado de mitos. Um deles, o de que os alunos que têm altas habilidades não precisam de atendimento especial dos professores, talvez seja o que mais prejudique as crianças que estão acima da média. Para combater este equívoco e uma série de outros, Liliam Barcelos e Vânia Franz ministraram oficina no III Seminário de Educação Inclusiva e Acessibilidade (Semeia) na tarde desta terça-feira (22/10), na Unisul de Tubarão.
“As pessoas têm o entendimento errôneo de que essa criança, por possuir altas habilidades, não precisa de ajuda”, observa Vânia Franz. Ela e Liliam atuam no Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) da Fundação Catarinense de Educação Especial, localizado em Florianópolis, que trabalha na identificação e acompanhamento de crianças superdotadas. Criado em 2006, ele é o único órgão capacitado para trabalhar com alunos que têm altas habilidades no estado.
Para a pedagoga Liliam Barcelos, a falta de capacitação e até mesmo o desconhecimento dos professores sobre o assunto é um dos problemas centrais que envolvem a superdotação. “Os educadores precisam de formação mais especializada para poder identificar os alunos superdotados e poder estimular a característica que se destaca neles”, defende Liliam. Do contrário, o potencial dos superdotados é “adormecido”, frente ao nivelamento imposto nas escolas. “Isso é uma perda para a criança e para a sociedade”, diz.
O atendimento especial é necessário porque as crianças superdotadas, por aprenderem muito mais rápido que os colegas de classe, ficam rapidamente entediadas e, às vezes, acabam discriminadas por outros alunos, explica Vânia Franz, trazendo à tona outro lado da questão. “Há casos de crianças que desenvolvem depressão e outros transtornos psicológicos. Elas não se sentem compreendidas e não se situam na sala de aula”, complementa a professora.
O trabalho de divulgação com os professores realizado pelo Núcleo contribui para melhorar a situação, mas não a resolve. “Nós não damos conta de atender a todo o estado”, argumenta Liliam, para quem a implantação de planos de atendimento nos municípios para essas crianças seria uma ação importante. “O que acontece hoje é que nós fazemos a identificação, só que as cidades não conseguem fazer o acompanhamento desses alunos”.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 3 a 5% da população mundial é superdotada. Para Vânia, a educação especial tem a função importante de fazer com que o potencial dessas pessoas seja valorizado. “As grandes contribuições para a sociedade são atribuídas aos criativos, e não aos acadêmicos”, observa Vânia.